Nos primeiros séculos os cristãos não ficaram muito fãs dos pensadores gregos clássicos. Claro que aos poucos, na necessidade de sistematizar melhor os conceitos e as ideias do cristianismo, muito pensadores começaram a incluir em suas reflexões as teorias dos filósofos gregos, dentre eles podemos citar Santo Agostinho, um dos maiores representantes da filosofia patrística que flertou ali com a filosofia de Platão.
Séculos depois, outro pensador cristão chamado Tomás de Aquino olhou para o lado de Platão e viu, é claro, o grande pensador Aristóteles e se perguntou? Por que não? Isso mesmo, por que não usar a filosofia aristotélica na sistematização das teorias do cristianismo.
Foi então que o grande pensador Tomás de Aquino passou a beber da filosofia de Aristóteles, aprofundando então suas ideias e moldando sua filosofia cristã a lá Aristóteles. É neste contexto que surge a Teoria da abstração do conhecimento de Tomás de Aqui.
A grande questão que Tomás de Aquino tinha que resolver era: Como obtemos o conhecimento? De onde ele vem? Aquino, baseando-se então na filosofia Aristotélica, entendia que era plenamente possível conhecer as formas inteligíveis com base nos elementos sensíveis. Ou seja, dá sim pra alcançarmos o conhecimento completo e verdadeiro das coisas e de Deus por meio dos nossos sentidos, mas para isso, é preciso seguir por um caminho, que era o caminho da abstração.
Neste contexto, Tomás de Aquino entende que a abstração é o ato de conhecer a matéria através do intelecto, e para isso ele distinguia entre a forma sensível na coisa, ou seja, na matéria e a forma sensível na alma, sem matéria. Com isso, temos em primeiro lugar uma forma sensível que está na coisa fora da alma, e esta forma está unida a matéria, por exemplo uma cadeira, e depois temos esta mesma forma sensível como é captada pelos sentidos, mas a partir do momento em que ela é captada pelos sentidos ela já é captada apenas como forma sensível sem a matéria, ou seja, o que está em sua mente após ver e sentir a cadeira não é a cadeira em si, mas a cadeira não material.
Por sua vez, Aquino defende então a ideia de que o intelecto não apreende as formas sensíveis, pois essas pertencem aos sentidos, mas sim imateriais, pois o intelecto é imaterial. Como ele mesmo dizia: “assim como o sentido conhece apenas o corporal, igualmente o intelecto conhece apenas o imaterial”. É aí que Tomás de Aquino entra definitivamente no processo de abstração ao afirmar que o que é material, ao ser conhecido, existe naquele que conhece de forma imaterial. Ou seja, conhecemos o material pelos sentidos, mas ao conhece-los o material torna-se imaterial, possibilitando a abstração pelo intelecto.
Entenda que Tomás de Aquino vê com grande importância o papel dos sentidos para o conhecimento, pois é através dos sentidos que o material se torna imaterial, por sua vez inteligível, e assim conhecido. É neste contexto que Tomás de Aquino destacava cinco operações do conhecimento sensível, pelas quais, por sua vez, revelam a forte influência aristotélica em sua obra:
O sentido próprio, onde os sentidos particulares seriam afetados pelos objetos que lhes são próprios, como por exemplo a visão pela cor, a audição pelo som, o olfato pelo cheiro e etc.
O sentido comum, onde as impressões seriam percebidas em uma unidade, assim como as sensações que as acompanham;
Também destacamos a imagem ou a fantasia, onde as imagens das coisas sensíveis seriam conservadas, como uma espécie de memória passiva.
A memória ou reminiscência , onde as imagens poderiam ser evocadas deliberadamente, conforme for necessário, como uma espécie de memória ativa;
E por último, a razão particular, onde os objetos e situações particulares seriam imediatamente percebidos como benéficos ou nocivos.
Então, segundo o grande filósofo, o conhecimento sensível, dividido nessas cinco operações, formaria a base necessária para se chegar ao conhecimento intelectivo. Nele, o intelecto se apresentaria, inicialmente, como uma possibilidade de alcançar o elemento inteligível presente nas coisas sensíveis, sendo, portanto, chamado de intelecto possível. Ao realizar essa possibilidade, por meio da abstração, ele se tornaria intelecto agente.
E então pessoal, O que acharam? Espero que sim! Fico por aqui então, forte abraço a todos e até+
Professor Joceilton S. Lemos
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