Desde que o pensamento filosófico surgiu na Grécia antiga, o mundo não foi mais o mesmo. Aos poucos as indagações pré-socráticas e as teorias de Platão e seu discípulo Sócrates ganham o mundo, sobretudo pela expansão do império Macedônico por Alexandre, o Grande.
Neste cenário, Alexandre, o Grande, exímio admirador pela cultura grega, fundou em 332 a.C. a cidade de Alexandria, que se tornou um importantíssimo centro cultural da época. Com isso, a cultura e, consequentemente, a filosofia grega ganha o mundo, surge aí o período que chamamos de helenístico.
Preparado o terreno, inicia-se o plantio. Muitos pensadores surgiam com suas filosofias “à moda grega”, contestando, criando e reafirmando teorias antes apresentadas pelos filósofos gregos.
Dentre diversas delas, destacam-se como mais importantes o Cinismo, o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo, cada qual com sua particularidade. Neste artigo, abordaremos a escola do Ceticismo.
Ao senso comum, quando falamos que alguém é cético, queremos dizer que essa pessoa não acredita em nada, ou ao menos, na maioria das coisas. A descrença e desconfiança de fatos e informações é característica daquele o qual nos referimos como cético.
Bem, é obvio que por vezes a expressão é aplicada de forma equivocada, mas não podemos negar que o senso comum se aproxima bem do sentido real desta escola filosófica, contudo cabe aqui aperfeiçoarmos em termos filosóficos os elementos de nossa definição.
Normalmente considera-se como fundador do ceticismo o filósofo grego Pirro, nascido 360 a.C em Élis, periferia da Grécia Ocidental. Pirro defendia a tese de que era impossível se obter conhecimento seguro da realidade. O termo “cético” tem sua origem no verbo grego sképtomai, equivalente a “examinar, investigar”.
Os céticos negavam o dogmatismo filosófico, afirmando, portanto, que seria impossível se conhecer de fato a realidade, pois sua natureza absoluta era inegavelmente incompreensível aos seres humanos. Neste ponto, segundo os céticos, apenas podemos afirmar com as coisas nos parecem, mas nunca como são de fato.
Desde plano teórico, surgem alguns conceitos importantíssimos para entendermos as teóricas céticas. Em primeiro lugar, na impossibilidade de provarem ter atingido a verdade, os indivíduos deveriam adotar a acatalepsia, que consistia em reconhecer a impossibilidade de compreender ou conceber qualquer coisa.
Em segundo lugar, deveriam praticar a epoché, esse termo, muito utilizado por Arcesilau, que servia para designar a atitude de não estabelecer julgamentos sobre as coisas.
O quarto conceito, usado por Pirro, era adóxia, que significa “sem opinião”. Esse termo indicava a necessidade de se buscar a postura de reconhecer que não era possível compreender a realidade e, portanto, suspender qualquer julgamento sobre a natureza absoluta das coisas, não afirmando serem elas verdadeiras ou falsas, belas ou feias, boas ou más.
Por último, o termo ataraxia, que usado pelos céticos, indicava os resultados de uma prática constante de suspensão de juízo de valor e do reconhecimento da impossibilidade de se alcançar qualquer tipo de conhecimento último da realidade. A ataraxia era o estado imperturbável, de tranquilidade plena que os céticos julgavam alcançar com suas práticas o que os levava a felicidade plena.
Importante ressaltar que eles entendiam a diversidade e particularidade de cada contexto, mas afirmavam que deveríamos agir de acordo com os princípios e crenças próprios do nosso meio, mas nunca considerar tais verdades absolutas.
Bem, por hoje é só! Forte abraço a todos e até a próxima.
Prof. Joceilton Lemos
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