O existencialismo em Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir
Destino, vontade dos deuses, carma, sina… essas entre outras palavras geralmente servem para afirmar que os acontecimentos em nossas vidas geralmente são predeterminados e, apesar de uma leve impressão de liberdade de escolha, sempre somos direcionados pelo nosso destino.
Durante muitos séculos o ser humano pensou exatamente desta forma, e com raríssimas exceções, o homem seguiu sua existência entendendo que a palavra final de nossas vidas sempre era dada pelo destino. Mas a partir do final do século XIX e no início do século XX alguns pensadores resolveram questionar a ideia de uma existência predeterminada e passaram a expor a ideia de que toda a existência era regida por uma casualidade e que o destino das nossas vidas estava unicamente em nossas próprias mãos.
Com isso, veremos um pouco sobre uma das escolas que mais influenciou a forma do homem ver sua própria existência. Nesta nova forma filosófica de ver o mundo e sua relação com a existência do indivíduo, o homem surge como um ser inacabado, pronto para construir sua essência a partir de sua existência. Nosso tema do vídeo de hoje é: O que é existencialismo?
A valorização da razão ante a própria existência foi uma grande característica da filosofia racionalista, que marcou os séculos passados, mas a partir de alguns pensadores como Søren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e em obras como as de Fiódor Dostoiévski e Karl Jaspers, a razão é posta de lado e entra em cena o próprio sujeito humano.
Não que esses pensadores tivessem deixado de pensar ou fazer uso da própria razão, mais ao contrário, questionaram a ideia de razão como fonte da essência humana e deram ênfase a própria existência, refletindo a respeito de temas como a finitude, a angústia e o desespero vivenciados nas situações-limite que nos confrontam com o absurdo e a irracionalidade.
Alguns grandes pensadores deixaram suas marcas na filosofia existencialista, mas podemos destacar alguns que, não mais importantes que os demais, são reconhecidamente considerados existencialistas de carteirinha. Dentre eles, podemos destacar o pensador francês Jean-Paul Sartre, e a filósofa francesa Simone de Beauvoir.
Bem, Jean-Paul Sartre tornou-se reconhecidamente um dos principais representantes desta filosofia. Uma das suas principais obras, “ o existencialismo é um humanismo”, Sartre apresenta declaradamente sua ideia quando a condição da existência humana. Segundo ele, e existência, em suas angustias, aflições, finitude, e etc., precediam a essência do ser, ou seja, defendia a ideia de que a existência precede a essência.
Em contra mão a ideia geral do racionalismo, Sartre entendia que as coisas sim, essas são pensadas para depois existirem, ou seja, existiam previamente em essência, na ideia da coisa e posteriormente em existência, a coisa em si. Mas nós, humanos não! Nossa existência precede a nossa essência, isso porque nossa essência vai de moldando conforme nossa existência acontece.
Neste contexto, o ser humano é o único ser que vivencia em sua existência uma liberdade genuína, pois definia sua essência a cada passo, a cada escolha que assim fazia e ainda, a cada escolha que assim faz, impacta não só a ele, mas a toda a humanidade. Ao ser humano cabe definir-se conforme fosse existindo, e isso mediante às suas próprias escolhas, no uso total de sua liberdade. Daí sua famosa frase: O homem está condenado a ser livre, condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.
Sendo assim, Sartre considerava um sinal de má-fé a atitude daqueles que renunciavam à própria liberdade e à responsabilidade, buscando desculpas e causas exteriores para justificar o que fizeram de si mesmos, ou negando o impacto de suas escolhas sobre o restante da humanidade.
A segunda grande persona que vamos falar, no contexto dos pensadores existencialistas é Simone de Beauvoir, que por sinal era esposa do nosso grande filosofo Jean-Paul Sartre. Simone foi incrivelmente importante na reflexão do papel da mulher na sociedade europeia do século XX.
Simone de Beauvoir defendeu bravamente que as mulheres, afirmando de forma incontestável que as mulheres tinham um papel muito importante na formação intelectual da sociedade.
Defendeu a independência e a afirmação da intelectualidade das mulheres e recusou-se a seguir os padrões impostos à mulher de seu tempo. Sua obra O segundo sexo é considerado um marco do movimento feminista. Navegando em mares existencialistas, Simone Beauvoir entendia que a identidade feminina não era dada diante da assimilação e do aprendizado de padrões culturais, tradicionalmente passados de geração em geração.
Entre outras palavras, ela defendia o fato que a identidade feminina não se dava a mulher porque ela aprendia a lavar, passar ou cuidar do seu marido, mas entendia que as mulheres deveriam tomar as rédeas de suas vidas e que tal construção, a da identidade feminina, deveria se dar pelo uso da liberdade, através de escolhas realizadas pelas próprias mulheres de forma livre e espontânea. Como dizem…lugar de mulher é onde ela quiser…
Ou seja, para fundamentar a construção do feminino, ela recorria ao mesmo princípio que o existencialismo utilizava para fundamentar a construção do sujeito, e por esse motivo, seu pensamento pode ser classificado como feminismo existencialista.
E então pessoal, O que acharam? Fico por aqui então, forte abraço a todos e até+
Professor Joceilton S. Lemos
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