Engana-se quem acha que na filosofia todo mundo vive de boa concordando com tudo que o outro pensa. Na verdade, durante a história, e com o desenvolver de diversas teorias filosóficas, muitas “tretas” surgiram, levando por vezes as ideias a respeito de determinadas coisas de um extrema ao outro.
Dentre tantas “tretas filosóficas”, uma delas merece muita atenção, pois influencia de forma significante a nossa concepção sobre o conhecimento. Perguntas do tipo: Como conhecemos? E de onde vem o conhecimento? Norteiam tais reflexões, as levando de um extremo a outro. Então pessoal, hoje veremos uma das principais tretas filosóficas na história, que é: O racionalismo e o empirismo.
De forma simples, a diferença entre essas duas concepções filosóficas está na forma como cada uma compreende a origem do conhecimento. No racionalismo, o conhecimento tem origem unicamente na razão, sem a necessidade de experiencia sensorial, ou seja, a razão é unicamente suficiente para construir conhecimento, sem a necessidade de experimentação pelos sentidos.
Agora, quanto ao empirismo, temos o a inversão completa da ideia do racionalismo. Segundo os empiristas, o conhecimento tem sua origem unicamente na experiencia. É através dos sentidos que alcançamos o conhecimento sobre as coisas, a experiencia é a base para o conhecimento dos empiristas, ou seja, sem experimentação, sem uso dos recursos sensoriais é impossível conhecermos alguma coisa sobre algo. Após definirmos os conceitos, é hora de falarmos de dois pensadores, onde cada um defenderá uma das concepções apresentadas.
De um lado, com uma vasta experiencia em reflexões racionalistas, com diversas obras escritas que defendem com maestria tais ideias, obras como O discurso do Método, Princípios da filosofia, A geometria, entre outros, lhes apresento o grande filósofo, físico e matemático francês René Descartes.
A base para a certeza da existência para Descartes era o pensamento. O fator de apenas perceber algo através dos sentidos não era suficiente para confirmar a existência segundo Descartes. Como ter a certeza que não estamos sonhando, ou que nós não somos apenas uma criação de alguma mente superior que, brinca conosco, inclusive nos fazendo sentir sensações que não são reais?
Descartes é enfático em afirmar que a única coisa que de fato comprova a nossa real existência é o nosso pensamento. Segundo ele, a dúvida era o grande trunfo que comprovaria nossa real existência, pois poderíamos duvidar de tudo, menos da própria dúvida. Assim surgiu a famosa frase “Penso, logo existo”. Segundo ele, “se eu duvido de tudo, o meu pensamento existe e, se ele existe, eu também existo”.
Agora, do outro lado temos o grande pensador inglês que viveu no século XVIII chamado de John Locke. Locke foi muito importante não só como representante do empirismo, mas também para outras áreas da filosofia, como por exemplo a filosofia política. Foi autor de obras importantes para ambas as áreas de estudo, obras como o “Ensaio sobre o entendimento humano”, “Cartas sobre tolerância”, “Dois tratados do governo civil”, entre outros.
John Locke entendia que todo o conhecimento humano se dava através da experiencia, ou seja, a origem do conhecimento era estritamente empírica. Neste contexto ele afirma que o homem é uma tábula rasa. A tábula era um instrumento romano de escrita, feito com cera e quando a tábula estava sem inscrições, era chamada de tábula rasa. Entre outras palavras, para Locke o homem nasce sem nenhum conhecimento prévio, e tais conhecimentos acontecem com suas vivências, com as experiencias que adquire.
Isso influencia inclusive a forma de Locke ver a natureza humana, que para ele era boa. O homem segundo ele é bom por natureza, até mais, segundo porque o homem no início de sua vida é como uma folha em branco. A partir das experiencia que vive essa folha vai sendo preenchida, isso sem dúvidas, apenas por meio de sua experiência prática.
Quem está certo? Quem tem razão? Bem, essa é uma questão difícil de resolver. Não é à toa que o titulo desse vídeo é treta filosófica. Diversos pensadores debateram sobre esse assunto, muitos antes de Descartes e Locke e muitos depois deles, e assim até os dias de hoje…e acredito que que seguiremos assim por muitos e muitos anos. Mas o importante é entendermos os fundamentos de cada filosofia e com isso, com base nos argumentos que pensarmos ser os melhores, construirmos nossa própria reflexão.
E então pessoal, O que acharam? Espero que sim! Fico por aqui então, forte abraço a todos e até+
Professor Joceilton S. Lemos
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