Mandala Budista: A transitoriedade da vida

Mandala Budista: A transitoriedade da vida

Em uma de minhas leituras me deparei com uma breve explicação do que era uma mandala budista. Em termos simples, definindo-a sob um contexto ocidental, uma mandala é uma representação artística feita de pó de mármore ou areia, proveniente dos rios que descem da cordilheira do Himalaia, onde o pó, depois de moído, é lavado e seco ao sol e misturado a pigmentos que lhe darão cores para formarem uma representação gráfica perfeita do que eles entendem como uma mansão sagrada. Bem, o que na verdade me chamou à atenção, é que após o desenho está completamente pronto, é em seguida “desmantelado” e, com todo pó misturado, lançado ao rio.

Sei que não posso simplificar a mandala e sua importância apenas no resumo superficialmente apresentado, contudo ainda assim, mesmo sem me aprofundar ao real e completo significado da mandala, podemos apreender algumas profundas lições.

Em primeiro lugar, me indago como um monge budista, dedicando tanto tempo a completar uma obra tão bonita pode logo após a conclusão do seu objetivo, desfazer em segundo tudo o que levou talvez meses para concluir? Como pode um monge, alcançando o objetivo de concluir sua tarefa, o desfaz sem ao menos gozar por pouco tempo que seja do seu duro e dedicado trabalho?

A resposta está bem diante de nós. Somos treinados desde crianças a estabelecer metas, constituir sonhos e planos para as nossas vidas, doutrinados a buscar incansavelmente os “prêmios” que a vida nos concede. E assim partimos, em uma incansável e constante corrida em nossas vidas em busca de uma prêmio que estabelecemos. Na verdade não existe nada de errado nisso, mas o grande perigo é a linha tênue que separa “uma vida de busca” de “uma busca pela vida“. No fundo, nossos objetivos estão sempre alinhados ao que atribuímos como felicidade, mas sem perceber, deixamos-a passar diante de nós. Uma mandala não é construída para um fim, mas o fim em si é a própria construção. A dinâmica da realização não está no fim em si, mas no trajeto. Uma vez aprendi que não podemos buscar a felicidade, é simplesmente impossível, mas podemos percebê-la, pois ela sempre esta diante de nós. Como diz a canção… “não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu, é sobre escalar e saber que o caminho te fortaleceu”.

Outra interessante lição que a mandala dá, é que na vida tudo é transitório e assim devemos aprender a deixar que, em determinado momento, tudo se desfaça, as areias se misturem e voltem ao rio de onde vieram. Somos, por vezes, aprisionados a tantas coisas que, quando perdemos, sofremos. Sofremos a dor de perder o que na verdade nunca foi nosso, pois na vida nada é, mas tudo está. Já dizia Heráclito, a vida é como um rio, tudo flui. Uma vez aprendi que nada e ninguém pode deter as areias do tempo…tudo passa. Como diz a canção… “a vida é trem bala parceiro e agente e só passageiro prestes a partir”.

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