Filosofia Política

Filosofia Política

A Filosofia Política no Pensamento de Platão e Aristóteles

O que é política? Para que serve a política? Precisamos mesmo dela? Será que a definição de “política” limita-se apenas à função exercida pelos políticos? Bem, essas e outras perguntas são comuns quando estamos diante do termo “política”.

A ideia de política tem consigo uma série de elementos que fazem ela ser como é, por isso podemos afirmar que ela mudou, muda e vai mudar com o passar dos anos e seu conceito, sua ideia, vai bem além aquela que normalmente escutamos por aí. Mesmo com as diversas definições que traz consigo, o termo sempre nos remete a ideia de poder e governo e está inserida no nosso dia a dia de forma muito significativa, quer tenhamos consciência disso ou não.

Daí, surge uma famosa frase: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Frase atribuída a Platão que mostra bem o quanto a política é, querendo o não, presente em nosso dia a dia. Mas é claro, a política que observamos no dia a dia de hoje não é a mesma de suas origens, muita coisa mudou, por isso precisamos diferenciar no âmbito filosófico entre política descritiva e política normativa.

Em termos gerais, a política descritiva refere-se a política como ela é de fato, como é percebida, conhecida também como política empírica, no entanto por outro lado temos a política normativa, que em termos gerais é a política em sua teoria, em suas normas, ou em entre outras palavras, como ela deveria ser.

Para melhor compreendermos a ideia e encontrarmos diversas questões das quais podemos refletir quanto ao tema, te convido a irmos a origem da questão, onde considera-se que tudo começou. Com isso, vamos à Grécia antiga, onde o termo foi formulado e idealizado. O termo “politica” tem sua origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em Pólis, em suas cidades-estados. Na Pólis, essa seria de procedimentos que serviam para organizar, administrar a polis leva o nome de politéia.

Neste contexto grego de organização de suas cidades-estados, surgem como parte o pensar filosófico, a reflexão quanto à melhor forme e governar, ou entre outras palavras, o emergente pensamento filosófico da Grécia antiga passa a ser ocupar também com a política. Podemos então destacar dois pensadores importantíssimos que levam suas reflexões filosóficas ao âmbito político: Platão e Aristóteles.

Para pensarmos sobre as similaridades e distinções entre o pensamento de Platão e Aristóteles, podemos seguir com q seguinte questão: É possível estabelecer um modelo ideal de política? Bem, cada um formula, com base em sua filosofia e neste ponto, vamos começar refletindo sobre as ideias de Platão quanto a política.

Para Platão sim, podemos estabelecer um modelo ideal de política sim! Até mais, como todos nós sabemos, quando nos referimos ao âmbito dos “ideais”, Platão com certeza apoia esta questão. A filosofia Platônica é compreendida em seus dois mundos: o mundo sensível e o mundo inteligível e essa ideia é compreendida também em sua base filosófica para política, neste ponto podemos até afirmar que Platão possuía uma ideia Política sob uma perspectiva epistemológica, baseada no mundo sensível e no mundo inteligível e se o mundo inteligível era onde se existia todo o ideal, então sim, é possível possuir um modelo ideal de política.

Para Platão, o modelo ideal consistia primeiramente na forma de governo da polis, ou seja, qual o tipo de governo se instauraria sobre o povo. Primeiramente Platão rejeitava à democracia por favorecer a injustiça e a defesa de interesses pessoais, por meio da retórica, com isso propunha um modelo político ideal, marcado pela busca da verdade e da justiça, por meio da dialética, defendia a monarquia, governo exercido por um rei ou a aristocracia, que era o governo exercido por uma elite, e acima de tudo, que todos os governantes fossem filósofos, ou seja, defendia a sofocrácia.

Por que sofocrácia? Bem, Platão entendia que para se governar era necessária antes saber se governar, ou seja, Platão valorizava o autogoverno e quanto a isso, os filósofos, segundo ele, eram os mais bem preparados.

Outro ponto interessante quando ao governo ideal apresentado por Platão era a ideia de se ter lugares fixos para os cidadãos na pólis ideal, conforme sua natureza, identificada por meio da Paideia, ou seja, durante o processo de educação Grega. Bem, Platão aqui separa esses lugares fixos em três: Os produtores, responsáveis pela produção da pólis, os guardiões que tinha como responsabilidade defender a cidade, e os filósofos que de modo geral, governariam. As classes sociais por tanto existiriam de acordo com a preparação de cada grupo na pólis e cada grupo recebera preparo no contexto que atuaria, por exemplo: os governantes receberiam instruções em filosofia, os magistrados destacaram-se em matemática, ciências, geometria e astronomia, os guerreiros receberiam instruções com destaca em ginastica e música e aos produtores, instruções para este fim.

Não é à toa que, para se manter todo esse quadro de identificação e separação de cada cidadão para um lugar fixo, Platão entendia que a educação das crianças e odos jovens deveria pertencer ao estado, ou seja, as crianças seriam educadas não em seus lares por seus familiares, mais pelo estado que se tornaria responsável por encontrar o lugar de cada um e educa-lo, instrui-lo no que lhe seria designado.

Mas quanto a Aristóteles, o que ele achava do governo ideal? Seria possível estabelecer um modelo ideal de política? Para Aristóteles, não era possível estabelecer o governo ideal, mas bons governos, sim. Em primeiro lugar Aristóteles entendia que a ideia de governo ideal erar utópica, além disso, entendia que a sofocracia, ou seja, o fato de filósofos governarem não traria a garantia de um governo ideal e outro ponto que Sócrates não pactuava com Platão era a ideia se reportar ao estado a educação das crianças e dos jovens, para Aristóteles isso seria uma dissolução da família.

Para Aristóteles O bom Governo deveria contar com a participação dos cidadãos na pólis, em busca da virtude e do bem comum, assim buscando a valorização das leis escritas, acima dos governantes, isso através de uma Constituição: organização das leis e das autoridades e A qualidade da constituição determinaria o valor do governo, no entanto, A constituição poderia ser modificada, se necessário.

Neste contexto, Aristóteles entendia o homem como “um animal político”, ou seja, o homem não como as abelhas por exemplo, que são animais gregários, mais possuem em sua essência a necessidade de se organizar em sociedade, fazendo uso da razão para buscar a felicidade na polis. Com isso, Aristóteles afirma:

“não menos estranho seria fazer do homem feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mundo inteiro sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade. Por isso, mesmo o homem bom viverá em companhia de outros, visto possuir ele as coisas que são boas por natureza (Aristóteles, 1973, IX, 9, 1169 b 18/20)”

Com isso, Aristóteles propõe algumas formas de governo. Ele aceitava o governo constitucional de muitos. Dispensada a sofocracia, governo exercido pelo filósofo, era  preferível  contar  com  a  soma  das  virtudes  parciais  dos  cidadãos, considerados por Aristóteles como iguais, lembrando que a ideia de cidadão na Grécia antiga não comtempla na totalidade o conceito de cidadão hoje, sinalizando que o bem comum sempre deveria estar acima dos interesses individuais.

Para Aristóteles o governo deveria ser organizado em três formas principais, sendo elas: A monarquia, exercida por um único governante, no caso um rei. A aristocracia, governo dos melhores colocados e por último, quando exercício por muitos, a república. Porém todas as formas estão sujeitas a degradações, decorrentes a ação do próprio homem. No caso da monarquia, sua forma degradada é a tirania, na aristocracia seria a oligarquia e por último, na república, a forma degradada seria a democracia. 

Neste contexto Aristóteles chega a sua ideia geral, que não é possível um governo ideal, mais sim, é possível um bom governo. E bem pessoal, por hoje é só. Espero que eu tenha ajudado de alguma forma. Fico por aqui, forte abraço a todos e até a próxima.

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